Ao Pedro Foyos, à Helena Pato, ao José Ribeiro, à Gaëlle Istanbul, ao João
Castela Cravo e ao José Soudo pelos depoimentos, que muito me honram
e sensibilizaram.
A presente obra é regida criativamente pelo número 50 – uma feliz
referência temporal e quantitativa.
Fim de um tempo político, início
de um outro. O primeiro foi adverso para quase todos os géneros
fotográficos, sobretudo o jornalístico, com autores (Eduardo Gageiro
e José Antunes, entre outros) chamados à polícia política pelo crime de
excessivas visitas aos “bairros da lata”.
Numa sala exígua, com apenas uma mesa e três cadeiras, há pouca
luz, muito fumo e uma atmosfera estranha. Dois homens de aspecto
boçal estão de pé, em frente a uma jovem que se encontra encostada
a uma parede, cambaleante. Sentada à mesa, uma mulher, de braços
roliços, ostenta uma grossa pulseira em ouro maciço, traja blusa de seda
verde, com grande decote, uma saia justa, curta, e saltos muito altos.
Escrevo o teu nome nas paredes de todas as celas
nas ruas das cidades amordaçadas
nomeio todas as horas destes dias de desencanto
entre a raiva e o silêncio
que dirão de ti os poetas de hoje?
Aqui estamos colados às notícias
carregando todas as guerras inúteis
de frente para o mar de todos os naufrágios
entre a raiva e o silêncio
invocando o teu nome: LIBERDADE!
E mesmo que a traça chegue ao cião ou à magenta, é não querer
desistir do papel. Procurar na azeitona a expressão. No tom da pele,
a tonalidade universal. É querer acender fósforos assim que a noite se
escape.
É uma vontade de ser veleiro, a par de dente na terra húmida. É querer ser
um átomo desobrigado e seguro por se saber desabrigado.
Há um momento em que a luz se ensambla, embutida através da
técnica fotográfica, e se transforma em arte.
Ora, técnica é técnica;
ensamblagem é arte ou contribui para a arte e a ensamblagem vive
da técnica, logo, não há arte sem técnica, mas técnica sem arte é
um acto ditatorial!
Com este texto singelo, pretendo deixar algumas palavras
de homenagem ao Armando Cardoso, pelos seus 50 anos
de percurso na actividade fotográfica, que tão bem abraçou
e para a qual muito tem contribuído.
Feitas as contas e considerando que a fita do tempo da Fotografia se
inicia nos idos de 1830’s/1840’s o que, sendo verdade, não o é, como
tenho afirmado e comprovado inúmeras vezes, estamos a falar de
uma actividade que ronda os cerca de 190 anos, mais os pozinhos de ... Continue Reading