Nos tempos actuais, que se pretendem da cibernáutica e da fotografia designada como digital, não temos dúvidas em associar a actividade fotográfica, aos primeiros anos de século XIX, e a nomes de pioneiros franceses e ingleses, tais como, Joseph-Nicéphore Niépce, William Fox Talbot, Louis Jaques Mandé Daguerre e Hyppolyte Bayard,
entre tantos outros provavelmente menos conhecidos, como Antoine Hercule Romuald Florence, ou a dupla Thomas Weedgwood e Humpry Davy, por exemplo.
No entanto, em função da evolução natural dos equipamentos de tomadas de vistas, é raro associarmos a fotografia, ao “quarto escuro de desenhar”, utilizado, por Leonardo da Vinci, nos séculos XV/XVI, ou seja, não se fazem pontes de entendimento entre a câmara fotográfica e o conceito físico da camera obscura.
Leonardo Da Vinci descreveu no Codex Atlanticus, o princípio físico que lhe está associado: “…Quando as imagens dos objectos iluminados penetram num compartimento escuro, através de um pequeno orifício e se recebem sobre um papel branco situado a uma certa distância desse orifício, vêem-se, no papel, os objectos invertidos com as suas formas e cores próprias…” O compartimento mencionado recebeu o nome de Camera Obscura, isto é, quarto escuro ou casa escura em latim.
Nos finais do século XX, os investigadores ingleses, Lynn Picknett e Clive Prince, assim como a italiana Maria Consolata Corti, especularam sobre a hipótese de Leonardo da Vinci, ter sido capaz de produzir material fotossensível, fazendo uma mistura de clara de ovo com saís de amónio, sumo de limão e urina – todos estes materiais, muito comuns no trabalho dos pintores Renascentistas – e com essa emulsão, barrada numa tela colocada na parte posterior do quarto escuro de desenhar, ter tido uma intervenção directa na execução, daquilo que é “o mais importante objecto religioso, artístico e científico de sempre” - O Santo Sudário.
Se assim foi, há muito para rever e repensar nestas primeiras décadas do 3º milénio, quanto à fotografia e aos seus meios, pois muito antes de Da Vinci, já se utilizava o quarto escuro de desenhar - camera obscura - com finalidades muito diversas, nomeadamente nas áreas científicas da astronomia ou da cartografia militar. Pensemos nos exemplos deixados por Alhazem, Platão, Aristóteles ou Mo-Ti.
Quanto aos materiais sensíveis à luz, falaremos um pouco mais no próximo texto. José Soudo 10 de janeiro de 2019
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